A História nos revela que a educação sempre seguiu as exigências do mercado de trabalho. Partindo da aprendizagem do século XIX desenvolvida para o trabalho rural ao surgimento das escolas como modelos industriais do século XX a educação sempre refletiu a realidade do momento histórico- cultural.
Diante do contexto do século XXI, no qual a cultura digital está sendo a mais disseminada entre as crianças e os jovens, a educação está em descompasso com as exigências dos perfis profissionais.
Jim Lengel, consultor e professor da Universidade de Nova York, autor do livro Educação 3.0, conceitua as diferentes formas de aprendizagem desenvolvidas durante os séculos XIX, XX e XXI. De acordo com Lengel os modelos de aprendizagem evoluíram da Educação 1.0 para a Educação 2.0 chegando à atual e esperada Educação 3.0. O que seriam esses modelos de aprendizagem?
Lengel elaborou um interessante infográfico, exposto abaixo, que representa o trabalho e os modelos de aprendizagem desenvolvidos durante os séculos citados.
Imagem postada no site PORVIR |
A provocação do autor é referente à necessidade de adaptação das escolas a um sistema de educação inovadora que atraia os estudantes e os equipe com as habilidades, experiências e conhecimentos para sobreviver e prosperar no século 21. Como pode ser notado no infográfico do autor a Educação 3.0 está em descompasso com o mercado de trabalho predominando as mesmas caracterísicas do século XX.
Os educadores enfrentam o desafio de formar profissionais atuantes em um mercado que exige habilidades que não são ensinadas nos livros. A formação dos alunos deve proporcionar a capacidade de lidar com o excesso de informações hoje disponíveis, habilidades de administração, autogestão e resolução de problemas cada vez mais complexos e trabalhos colaborativos. Todas essas qualificações devem ter as tecnologias como ferramentas auxiliares para o processo de aprendizagem mediadas pelos professores. Para os que se interessam pelo assunto recomendo o site do grupo de especialistas que discutem problemas reais de sistemas educacionais espalhados pelo mundo e suas possíveis soluções: GELP (Global Education Leaders’ Program).
A maioria dos educadores já perceberam que os sistemas educacionais precisam se adaptar, mas há uma preocupação com a formação desses educadores? Quais os benefícios proporcionados pela Educação 3.0 aos educadores além das ferramentas para organização e administração dos seus projetos? Indagando mais claramente: Qual a garantia da valorização dos educadores que se dedicarem à novas capacitações para formar trabalhadores competentes? Quais incentivos que os profissionais da educação receberão para se desbruçarem em atualizações, planos de aulas, projetos, provas, mostras culturais, plantões pedagógicos, etc? Os 10% do PIB serão realmente investidos em educação? A Educação não merece os royalties do petróleo?
O desenvolvimento de um país não pode ser medido em estatísticas superficiais para "fazer de conta" (IDEB) que a missão está sendo cumprida. Há muitas exigências de práticas inovadoras feitas aos professores, mas não há investimento na carrerira desses profissionais que formam os trabalhadores que o mercado precisa. A realidade tecnológica é deslumbrante para os que são incentivados a descobrí-la e usá-la em seu benefício. Quais os incentivos que temos no Brasil para que o professor invista em atualizações e especializações?
É necessário dar voz aos professores, principalmente das escolas públicas, para saber se estão dispostos a contribuir com o desenvolvimento do país que não os valoriza. Caso contrário estaremos vivendo uma educação hipócrita que "deforma" ao invés de formar cidadãos, como afirma Theodor W. Adorno (1995).
Referências:
ADORNO, Theodor W. Educação e Emancipação. São Paulo - SP: Editora Paz e Terra S.A; 1995.
LEGEL, Jim. Educação 3.0: sala de aula X mundo de trabalho. Disponível em: < http://porvir.org/porpensar/educacao-3-0-sala-de-aula-ambiente-de-trabalho/20121029> Acesso em 09 de Novembro de 2012.